Os movimentos populares que integram a Via Campesina iniciaram
uma campanha contra a ofensiva da bancada ruralista e do Executivo contra as
políticas públicas para o campo.
As
entidades elencaram 12 propostas consideradas prejudiciais para os camponeses.
Entre os principais temas estão a permissão de venda de terras a estrangeiros e
o corte no orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA).
Para Alexandre Conceição, da coordenação
nacional do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as
medidas demonstram que o governo não está disposto a dialogar sobre a reforma
agrária.
"Precisamos
denunciar e o mundo precisa saber que, apesar do aumento dos conflitos
agrários, o governo está dizendo que não vai mais desapropriar terras, que vai
aumentar e intensificar os agrotóxicos no campo, e liberar mais
transgênicos. Cada um destes pontos estão interligados, não estão separados no
ataque aos camponeses e a agricultura familiar."
A
avaliação conjunta das entidades que compõem a Via Campesina é de que as ações dos
parlamentares ligados ao agronegócio, e do governo golpista de Michel Temer
(PMDB) têm afetado, sobretudo, sem-terra, indígenas, quilombolas e
pescadores.
Os
movimentos populares planejam levar o documento à procuradora-geral da
República, Raquel Dodge, em uma audiência pública.
Além
disso, os movimentos do campo, das águas e das florestas que compõem o chamado
campo unitário vão organizar uma série de seminários em conjunto com a
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para articular ações conjuntas
para o próximo ano.
Selma
dos Santos Dealdina, secretária-executiva da Coordenação
Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), afirma
que o momento pede a unificação das entidades camponesas.
"A
questão quilombola também passa pela reforma agrária. Nossas pautas conversam
porque é o campo que está sendo prejudicado. No momento em que estamos
vivendo agora, precisamos nos unir. Ou o campo se une ou vamos nos dar muito
mal."
A
Via Campesina Internacional é um movimento que articula diversas organizações
do campo em todo mundo. No Brasil, entidades como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Movimento Nacional pela Soberania Popular Frente à Mineração (MAM) e
o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) integram a
rede.
As
entidades ligadas à Via Campesina também vão participar da greve geral convocada
pelas centrais sindicais no dia 5 de dezembro contra a reforma da Previdência,
uma das medidas criticadas pelos movimentos populares no documento.