Em nota divulgada pela UDC (União dos Caminhoneiros do
Brasil), caminhoneiros da entidade afirmam que farão uma mobilização em
todo o país após o feriado de 7 de Setembro e por tempo indeterminado.
A UDC acusa o governo de não ter cumprido o
prometido em relação ao preço do diesel, que na última sexta-feira (31)
teve reajuste de 13%.
A lei que estabeleceu a nova política de frete prevê revisão
dos pisos mínimos caso o combustível tenha oscilação superior a 10%, para
acomodar o aumento de custos dos caminhoneiros.
A entidade reclama da falta de fiscalização nas estradas
pela ANTT. A UDC pede mais fiscais e postos de fiscalização que
obriguem às transportadoras a cumprirem a tabela mínima do frete.
"Pedimos imediatamente as seguintes providências afim de
que a população brasileira não sofra os danos de uma nova paralisação",
afirma a nota.
Os caminhoneiros da UDC também reclamam da atuação da ANTT
(Agência Nacional de Transportes Terrestres) e pedem a dissolução da
diretoria da entidade.
A possibilidade de uma manifestação perto das eleições, no
entanto, já era ventilada dias após a paralisação de onze dias em maio, como
forma de pressão política.
De acordo com caminhoneiros ouvidos pela reportagem, se
a ANTT não se posicionar até o dia 7 ou 8 de setembro, é grande o
risco de haver novas paralisações.
Nesta sexta-feira (31), a Abcam, entidade que reúne os
motoristas autônomos, afirmou que pretende se reunir com o governo para
discutir o tema e que "fará o possível para evitar nova
paralisação" da categoria.
Durante esta sexta, circularam em aplicativos de trocas de
mensagens áudios, cuja autenticidade não foi comprovada, convocando para
paralisação a partir da madrugada de segunda (3).
A Abcam confirma ter detectado focos de insatisfação por
aplicativos de trocas de mensagem, mas diz ainda não ver mobilização suficiente
para nova paralisação.
Na primeira paralisação, que teve liderança dispersa, as
redes sociais foram importante instrumento de mobilização.
"A associação, que sempre acreditou no diálogo, fará o
possível para evitar uma nova paralisação", disse a Abcam, em nota
divulgada nesta sexta-feira.
Em vídeo, uma das lideranças de maio, o caminhoneiro autônomo
Wallace Landim, conhecido como Chorão, convoca a categoria para ir a Brasília
cobrar a ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) reajuste na tabela do
frete.
"A ANTT tem a obrigação de soltar um novo piso, que está
na lei", continua, marcando a manifestação para o dia 12 de setembro e
ameaçando com paralisação caso o pleito não seja atendido.
De acordo com a Petrobras, o aumento médio no país será de
13%. Considerando que o combustível representa 55% do preço final, o repasse às
bombas deve girar em torno de 7%, caso não haja aumento de impostos e margens.
Será a primeira alta expressiva no preço final desde o início
do programa de subvenção, resultado da alta do dólar e das cotações
internacionais.
O aumento desta sexta ocorre sem que o preço de bomba tenha
caído os R$ 0,46 por litro prometidos pelo governo --R$ 0,30 de subsidio mais
R$ 0,16 de cortes de impostos.
Entre a primeira semana de greve, em maio, e a semana
passada, a queda foi de R$ 0,41 por litro, segundo dados da ANP (Agência
Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
O secretário executivo do MME (Ministério de Minas e
Energia), Márcio Félix, negou nesta sexta, porém, possibilidade de aumento do
subsídio para cobrir os efeitos da alta do dólar.
"Não há espaço no orçamento da União para colocar mais
do que os R$ 9,5 bilhões que foram colocados no programa de subvenção",
disse ele, em entrevista após leilão de contratos de petróleo do pré-sal.
"Estamos vivendo um momento delicado no mundo, não só no
Brasil. O câmbio está muito apreciado e o preço do petróleo também subiu",
argumentou Felix. "O que foi prometido pelo governo, o governo cumpriu."
Pelos próximos 30 dias, o preço médio do diesel vendido pela
Petrobras sobe para a R$ 2,2964 por litro, apenas R$ 0,0752 abaixo do recorde
atingido no dia 23 de maio, ainda no início dos protestos dos caminhoneiros
O reajuste autorizado pela ANP no preço de venda nas
refinarias varia por região: será maior na região Centro-Oeste (14,4%) e menor
na Sudeste (10,5%).
Além do repasse da alta do dólar, o novo valor considera
ressarcimento às empresas pelo período em que o desconto não foi suficiente
para cobrir a diferença entre o preço tabelado pelo governo e as cotações
internacionais.
Desde o dia 23, o desconto de R$ 0,30 vinha sendo
insuficiente -na quinta, a diferença superou R$ 0,50 por litro. Nesta sexta,
com a adoção dos novos preços, volta a R$ 0,30 por litro.
MARGENS
O reajuste foi definido com base em nova fórmula elaborada
pela ANP, que considera os custos para trazer o produto ao país, conceito
conhecido como paridade de importação. Embora tenha absorvido sugestões do
mercado, a fórmula foi alvo de críticas das empresas do setor.
Em evento no Rio nesta sexta, o gerente executivo de
Marketing e Comercialização da Petrobras, Guilherme França, disse que o preço
novo aperta as margens de lucro, mas não inviabiliza importações.
"A gente entende que ela [a paridade de importações]
está um pouco pior, um pouco mais restritiva do que a que vigorou [nas
primeiras fases do programa]. Mas, no imite, em alguns pontos, a gente acha que
ainda dá para fazer a importação", disse ele.
A expectativa do mercado é que as importações por empresas
privadas, que inundaram o mercado na virada do ano mas se retraíram após o
início do programa de subvenção, permaneçam tímidas.
"A fórmula como está é terrível e compromete
investimentos", afirmou no evento Ricardo Musa, vice-presidente de Transporte,
Distribuição e Trading da Raízen, que opera com a marca Shell.
Bahia Noticias.