O poder de persuasão dos líderes religiosos sobre os fiéis nestas
eleições está preocupando a Justiça Eleitoral do Rio de Janeiro. Uma
força-tarefa de fiscais tem percorrido templos e igrejas, de todas as
religiões, para fiscalizar, flagrar, coibir e multar o que já é chamado de
abuso do poder religioso. O objetivo, segundo o procurador regional eleitoral,
Sidney Madruga, é evitar desequilíbrio na disputa, garantindo isonomia a todos
os candidatos.
“Dentro das prioridades, nestas eleições, está o
combate ao abuso do poder religioso. Há um monitoramento para saber se o líder
religioso está pedindo votos ou distribuindo kits para determinado candidato.
Esta situação já foi caracterizada pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral] como
abuso de poder econômico, já que não existe a figura do abuso de poder
religioso. O uso indevido e irregular, da igreja ou do templo, não deixa de ter
um reflexo econômico”, destacou Madruga, conhecido no estado pelo rigor na
denúncia de crimes eleitorais.
Segundo ele, os fiscais do Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) estão atuando em missas e cultos sem os coletes de
identificação, com objetivo de juntar provas, que incluem fotos e
filmagens.
Um caso recente, flagrado pelos fiscais no final de
agosto, ocorreu no Rio. “Panfletos estavam sendo distribuídos do lado de fora
e, do lado de dentro, o pastor dizia que tinha um candidato, mas que não
poderia falar quem era. Ele foi filmado. Isto configurou propaganda irregular,
crime eleitoral.”
O procurador eleitoral explicou que o objetivo do endurecimento
na fiscalização é evitar desequilíbrio no pleito. “É uma das nossas prioridades
o combate ao abuso do poder religioso para garantir a competitividade entre os
candidatos e a higidez [saúde] eleitoral, assim como o combate às fake news”,
disse.