Establishment abandona PSDB e passa a sonhar em
vitória consagradora no 1º turno com Jair Bolsonaro. Alckmin foi o verdadeiro
atingido pela facada. Está virtualmente morto
É preciso
reconhecer a capacidade do deputado federal e candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ) de
gerar delírios. Ele funciona como uma espécie de entorpecente capaz de turvar a
visão da esquerda e
da direita ao mesmo
tempo.
Uma multidão
delirante o recebeu em Juiz de Fora (MG). Após a fatídica facada, o delírio
mudou de lado. Parte da esquerda abriu sua caixa de loucuras.
O atentado,
feito por um lobo solitário desequilibrado, teria sido na verdade uma
conspiração internacional tramada com a família Marinho e colocada em prática
pela dupla CIA/Mossad. “Cadê o sangue?”, gritavam os “esquerdominions”.
O capitão lidera
a pesquisa, subiu no último Ibope, e resolveu contratar um israelense ninja que
no meio da multidão desferiu um golpe milimétrico
que por pouco não o mata. Faz todo sentido.
Ou pior, a
conspiração envolveu todos os médicos, enfermeiros e toda a polícia
federal. “A verdade é que não existe corte, é coisa de Hollywood!”
Chega a ser ridículo.
A facada entrou para a história pelo paradoxo de suas
conseqüências. Atingiu o coração da democracia e catapultou o
candidato que mais ameaças representa ao sistema democrático. Cortou em pedaços
Geraldo Alckmin e pode levar a uma unificação de forças impressionante.
O assunto atraiu
audiência no planeta. Deu a Jair o que ele não tinha e jamais sonhou. Uma
avalanche de mídia espontânea positiva, permitindo-o furar o equilíbrio imposto
pelas regras eleitorais à cobertura jornalística de candidatos.
Dores pessoais
têm o poder de humanizar o mais ogro dos mortais. Fragiliza o fortão e o traz
para perto das pessoas de carne e osso.
Fica a imagem do
homem destemido que resolveu enfrentar o sistema e acabou perseguido, ferido mortalmente.
Um cidadão que colocou a própria vida em risco pela missão de salvar o Brasil.
A fala dele com a sonda no nariz no hospital é devastadora.
Se já tinha o
poder de se comunicar com seu eleitorado como um “Lula da direita”,
simples e objetivo, direto, se somou ao ex-presidente agora na condição de
vítima. Temos duas vítimas do sistema, um preso e outro sangrando em cadeia
nacional.
Qualquer
marqueteiro será capaz de reduzir agora suas dificuldades com o eleitorado
feminino. Basta trazer sua família e sua mulher para a cena chorando, dizendo
da dor que seria perder um marido e um pai maravilhoso.
Se já estava
difícil que a profecia de derretimento de Jair se concretizasse, agora ela
parece impossível. Que eleitor vai abandonar seu escolhido gravemente ferido no
leito de um hospital? Esqueçam, o brasileiro é altamente solidário na dor
porque a conhece de perto.
A rejeição do
capitão deve cair e as próximas pesquisas devem indicar alguma alta. A facada
teve o poder de transformar o general Mourão num defensor do
devido processo legal para o agressor. A mudança é radical.
A grande mídia
está com a faca e o queijo na mão. Pode colocar Bolsonaro na TV 24 horas por
dia sem nenhuma contestação. Trata-se de um fato jornalístico. Quem teria a
coragem de questionar a cobertura da situação de uma pessoa gravemente ferida?
A pressão do
establishment sobre o PSDB será
insuportável. Ao garantir vaga no segundo turno com Jair, passarão a sonhar com
uma vitória consagradora no primeiro turno. Alckmin foi
o verdadeiro atingido pela facada. Está virtualmente morto.
A Justiça tende a
radicalizar contra a aparição de Lula no processo eleitoral.
Se a briga entre o PT e Ciro por uma suposta
vaga no segundo turno se tornar insana, o risco de um abraço de afogados será
enorme.
A facada
na democracia materializou
o crescente processo de radicalização, o descrédito nas eleiçõese nas
instituições. Fez o país pender perigosamente para uma extrema direita que agora, oportunamente, recolhe os
dentes.
As próximas
semanas serão intermináveis. Os progressistas e democratas podem ser impelidos
a se unir ainda no primeiro turno.
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